Já é tarde. Sigo pela rua escura alheia ao movimento dos carros, em estado de suspensão.
A mente numa eterna conversa - alheia ao trânsito, à hora - ainda remoi fatos, tarefas, expectativas.
Mas o olhar vislumbra um bruxuleado de luz, numa parede feia, descascada. Vejo janelas abertas, penumbras.
Posso imaginar a vida lá dentro, paredes sem cor, lençóis velhos, luz amarela, calor...
Alguém afasta uma cortina meio rota e espia o mundo – talvez curioso com os ruídos do outro cômodo, onde a janela aberta deixa à vista dois corpos nus, jovens, alheios, absortos, uma cadência marcada de sons e sensações...
O mundo corre aqui fora mas lá dentro não há tempo. Naquele quarto velho e sem cor só há entrega, gozo e suor . . .
Percebe-se que nada os incomoda, nem a feiura do local. Espanta-me a riqueza daquele momento. Penso comigo na relatividade do tempo, do valor das coisas, de tudo.
E enquanto os carros seguiam lentamente, a vida ia ficando para trás, dentro daquelas paredes sem cor, luz amarela, calor ...
Waulena d'Oliveira
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Obrigada pela visita, Mário !
Bjsss, Wau
Luiz Mário da Costa disse:
Que bela inspiração. Um reflexo do mundo com suas adversidades.
Bem-vindo a
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