O TEMPO URGE E ESTOU FICANDO LENTA

Sinto a urgência do tempo. Não mais a correria do dia a dia atrás do pão, da promoção, da ostentação. Sim, já tive estas pretensões (a prosa aqui ficou com cara de poesia).
Hoje, sinto outras urgências. Urgências em saborear com mais vagar certos sentimentos. Apreciar paisagens demoradamente. Resgatar e compartilhar histórias com antigos companheiros de caminhadas. Rir de fatos que um dia pareceram pesados.
Hoje não passam de tolas lembranças com dores curadas. Aliás, aprendizados do tempo: Não cicatrizar as feridas é sangrá-las sempre. Urge curá-las.
Sinto especialmente, a urgência do tempo em semeaduras. Semear meus tomateiros, na sacada (que transformei em pequena horta jardim), espalhar sementes de árvores que não verei frondosas, mas alguém verá. Semear livros e poesias. Nem muito preocupada com o valor literário, mas com a ressonância no coração das pessoas. Semear o bem. Distribuir e devolver o que aprendi, o que pude acessar nesta jornada.
Urgência em aprender sempre e mandar recadinhos ininterruptos ao meu cérebro, para que ele lembre sempre de realizar novas sinapses.
Urgências!
Por vezes me atrapalho, porque ainda trago o ranço da ansiedade treinado ao longo de muitos anos de sobrevivência, e, não necessariamente vivência.
Estou ficando mais lenta nos movimentos. Demoro mais preparando o meu café, lavando a minha louça e realizando coisas do cotidiano. Penso que isso também é aprendizado. O corpo me ensinando a ser urgente, entretanto mais presente.
Urge!

by MLK
26/06/2020